Portugal na Eurovisão: Salvador Sobral diz que posição da RTP é cobarde

Salvador Sobral voltou a destacar-se no debate público ao denunciar aquilo que considera ser uma decisão injustificável da RTP. O cantor critica a permanência de Portugal no Festival Eurovisão da Canção, num ano marcado pela continuação de Israel na competição, apesar da forte controvérsia internacional associada à guerra em Gaza, que já causou mais de setenta mil mortes.

Para Salvador, único vencedor português da Eurovisão, a atitude da estação pública portuguesa é contraditória e cobarde. O artista lembra que a RTP transmite e apoia iniciativas solidárias destinadas à causa palestiniana, mas, ao mesmo tempo, aceita participar num espetáculo internacional onde Israel mantém a sua presença. Segundo o músico, esta postura revela incoerência política e ética.

O testemunho de Salvador foi partilhado após ter estado no CCB, em Lisboa, durante um concerto solidário a favor de Gaza. O evento esgotou a sala e uniu centenas de pessoas numa noite dedicada à arte e à solidariedade. Enquanto o concerto decorria, a União Europeia de Radiodifusão reunia para confirmar a participação de Israel na edição de 2025 da Eurovisão.

Vários países, como Espanha, Irlanda, Países Baixos e Eslovénia, optaram por abandonar a competição em protesto. Salvador Sobral elogiou essa posição, defendendo que estes Estados escolheram o caminho mais coerente e justo. Para o músico, era esperado que Portugal fizesse o mesmo.

O cantor acusa a RTP de falta de firmeza e de se refugiar numa decisão institucional que não acompanha os valores que a própria estação diz defender. Na sua visão, a atitude da televisão pública deveria ter sido clara e alinhada com princípios humanitários.

Apesar das críticas à participação portuguesa na Eurovisão, Salvador sublinha a importância do Festival da Canção como plataforma de destaque para novos e consagrados artistas nacionais. O músico deixa até um desafio aos futuros vencedores do concurso: quem conquistar o primeiro lugar não é obrigado a representar Portugal na Eurovisão. A decisão, afirma, pode e deve ser pessoal, caso a RTP mantenha a actual posição.

Assim, Salvador defende que o Festival da Canção deve continuar a existir, mas sem a obrigatoriedade automática de enviar o vencedor para um evento internacional marcado por tensões políticas, éticas e humanitárias.

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