Mira Amaral denuncia “falha técnica muito grave” no apagão e sugere ao Governo avançar com inquérito

O apagão que deixou Portugal às escuras ontem continua a gerar reações, e uma das mais incisivas veio de Luís Mira Amaral, antigo ministro da Indústria e Energia. Em entrevista à SIC Notícias, o ex-governante não poupou críticas ao que considera ser “uma falha técnica muito grave” e defendeu uma investigação séria ao funcionamento das infraestruturas energéticas nacionais.

“Fui engenheiro de redes na EDP antes de ser ministro. Conheço o sistema por dentro e sei do que falo”, afirmou, sublinhando que sucessivos governos têm tomado decisões “irresponsáveis, sem competência e sem ouvirem quem realmente sabe”.

Entre as críticas mais duras, Mira Amaral apontou a dependência crescente da energia espanhola, resultado da entrada no mercado ibérico de eletricidade. “Passou a ser mais barato importar energia de Espanha do que produzir cá. Os nossos geradores estão parados porque, economicamente, compensa mais importar”, explicou.

A decisão de encerrar as centrais a carvão foi também alvo de críticas, sendo considerada “prematura e irresponsável”. Para Mira Amaral, a rede espanhola tem sido, mais do que uma parceira, um verdadeiro salvador energético. “Só me admiro que esta situação só tenha acontecido agora”, disse.

Sobre a resposta ao apagão, o ex-ministro classificou a lentidão na reposição da rede como inaceitável. “Em Portugal, apenas duas centrais têm capacidade de ‘black start’. É uma vergonha. O apagão aconteceu às 11:30 e, horas depois, a rede ainda não estava totalmente restabelecida”, lamentou.

A terminar, deixou um apelo ao Governo: “É urgente abrir um inquérito e enfrentar este problema com seriedade. Não podemos continuar a ter meios parados quando há capacidade para agir mais rapidamente.”

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