 
            Escritora critica “O Preço Certo” por ter “valor cultural nulo” e gera revolta nas redes sociais
A escritora Isabela Figueiredo tornou-se o centro de uma das maiores polémicas da semana depois de criticar duramente o programa “O Preço Certo”, da RTP, classificando-o como um formato com “valor cultural nulo” e que “já não se justifica”. As suas declarações, publicadas num artigo de opinião no jornal Expresso, desencadearam uma onda de indignação nas redes sociais e dividiram opiniões entre figuras públicas e o público em geral.
No texto, a autora, vencedora do Prémio Urbano Tavares Rodrigues, afirmou não suportar “o chinfrim” do programa e questionou a razão de os contribuintes continuarem a financiar o formato. “Sempre foi mau, parou no tempo e tem valor cultural nulo. Para que estamos a financiar a nulidade com os nossos impostos?”, escreveu, sugerindo que a RTP deveria substituí-lo por “um programa de música e teatro para entreter antes do jantar”.
As críticas não passaram despercebidas. Centenas de utilizadores reagiram nas redes sociais, acusando a escritora de elitismo e falta de respeito pelos gostos populares. Comentários como “A ignorância de quem se acha superior”, “Opinião da elite bacoca” e “Perdeu uma bela oportunidade para estar calada” multiplicaram-se em poucas horas.
Entre os rostos conhecidos que intervieram na discussão esteve o escritor Pedro Chagas Freitas, que defendeu a diversidade cultural e os diferentes gostos do público. “Eu sou da terrinha. Eu adoro os livros da Isabela Figueiredo. Eu admiro o ‘Preço Certo’. Eu vou ao teatro. Eu vejo futebol. Eu ouço música clássica. Eu como pão com chouriço. Eu vejo o ‘Big Brother’. Eu amo Herberto Helder. Não somos todos uma coisa só”, escreveu nas suas redes sociais.
Também Joana Amaral Dias se pronunciou, acusando Isabela Figueiredo de “snobismo triste de quem acha que o povo é uma coisa menor”. Num vídeo partilhado nas redes sociais, defendeu o programa como “o Portugal real, da gargalhada, da partilha e da autenticidade”, sublinhando que “o que incomoda certos intelectuais não é o barulho do povo, é o facto de ele existir, feliz, livre e sem pedir licença”.
Já o cronista Luís Osório, num dos seus “Postais do Dia”, destacou o papel do apresentador Fernando Mendes, lembrando que este “há mais de 40 anos abraça os portugueses mais humildes, os que menos abraços tiveram na vida”.
Perante a forte reação pública, Isabela Figueiredo voltou a pronunciar-se nas redes sociais, defendendo a sua posição e dirigindo-se aos que criticaram a sua opinião como “supremos e orgulhosos ignorantes inconscientes da sua ignorância”. Reiterou ainda a sua visão sobre o programa: “Serve para quê? O que se aprende? Nada. Nem os preços, que mudam todos os dias.”
O debate, que começou com uma simples crónica, acabou por se transformar num retrato da divisão entre o gosto popular e a visão intelectual da cultura, reacendendo a eterna discussão sobre o papel da televisão pública e o conceito de “serviço público” em Portugal.
 
                            
                                                         
													 
													 
			 
			 
			 
			 
			 
			 
			