Após sete meses de dor, chimpanzé larga finalmente o corpo da cria falecida
Durante sete meses, Natalia, uma chimpanzé residente no Bioparc Valência, carregou consigo o corpo do seu bebé falecido, recusando-se a deixá-lo para trás. Apenas no passado dia 21 de setembro, a primata decidiu finalmente pousar os restos da cria na relva, marcando o fim do seu longo período de luto.
O comportamento de Natalia foi observado de perto pelo parque, que respeitou o seu processo natural, considerando ser uma manifestação comum entre primatas. “Foi ela que escolheu o momento certo e simplesmente largou o corpo na relva”, explicou Juanvi Martínez, chefe do departamento de primatas do Bioparc, que descreveu este ato como um reflexo do desejo maternal de manter o vínculo com a cria. Para as fêmeas desta espécie, manter esse laço é uma parte essencial do processo de luto.
A cria nasceu em fevereiro, mas faleceu apenas 14 dias depois, sem qualquer indicação prévia de doença. Desde então, o grupo de chimpanzés, bem como a equipa do Bioparc, acompanharam de perto o comportamento de Natalia, que permaneceu próxima do corpo durante todo este período. Segundo Martínez, esta situação é comum na natureza: “Por vezes, as crias morrem e o grupo tem de passar por esta fase para aceitar a perda”.
Natalia é um dos poucos exemplares da subespécie Pan troglodytes verus, que se encontra em risco crítico de extinção. A equipa do Bioparc sublinha a importância de preservar e proteger este grupo, cuja sobrevivência depende de esforços de conservação e proteção intensivos.
Ao longo destes meses, o parque baseou a sua abordagem em orientações científicas e na opinião de especialistas, optando por não intervir no luto da chimpanzé. “Respeitámos sempre a decisão de Natalia, considerando a coesão do grupo e a saúde psicológica de todos os seus membros”, concluiu Martínez.